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This blog is a compilation of thoughts on things I've been learning.

Monday, May 29, 2006


A segunda aula do curso de Qualificação para Professores

Devido a compromissos dos alunos, tivemos que adiar esta aula por duas semanas... A segunda aula ocorreu no dia 26 de maio de 2006, iniciando às 18h; mais cedo do que o horário anteriormente estabelecido. Isso foi bom, todos os alunos acharam melhor fazer a aula mais cedo; o único inconveniente é que nesse horário a sala de aula do Domus está ocupada, e temos que fazer a aula nos sofás da recepção. Como o horário agradou, vamos mantê-lo até o final do curso, necessitando mais atenção por parte dos alunos, pois é possível que aconteçam coisas no ambiente que podem desviar a atenção.
Desta vez, havia 11 alunos: os dez já inscritos e uma aluna que ficou sabendo depois e se interessou em participar do curso. Ela é um pouco mais jovem (deve ter 13 anos?), mas acompnhou muito interessada e fazendo perguntas. Fiquei contente por conquistar uma nova aluna.Comecei entregando um polígrafo de imagens que selecionei dos meus livros, com figuras importantes para eles entenderem certas poses e a terminologia. São imagens da postura correta, da nomenclatura adotada para os braços e para os arabesques por diferentes escolas de ballet e tanbém as direções do corpo no espaço (croisés, effacés, ecartés, etc.). Conforme as imagens disponíveis nos livros, selecionei as figuras que pareceram mais claras, e incluí a escola russa, a escola francesa e a escola italiana. Só lá, falando com os alunos, é que me dei conta de que ficou de fora um exemplo importantíssimo em se tratando de escola de ballet clássico: não incluí nada da escola inglesa!! Considerei isso uma lástima, foi realmente um lapso quando eu estava selecionando as imagens. Ocorre que nenhum dos meus livros trata da escola inglesa, e por isso não me lembrei dela... porque eu poderia ter obtido imagens na Internet.
Enfim, consegui com esse polígrafo dar uma idéia mais clara do que são as diferenças entre as escolas. Falei um pouco sobre a cultura e o tipo físico dos diferentes povos, e como isso influenciou a maneira deles dançarem o mesmo ballet. A reação dos alunos foi boa; acredito que as imagens acrescentaram novos conhecimentos para todos. Mais para alguns do que para outros, mas com certeza esse tipo de apanhado de diferentes escolas não é algo muito corriqueiro. Espero que eles conservem as folhas e busquem referências nelas ao longo do tempo.
Depois, passamos a estudar a grade curricular para o primeiro ano, baseado na escola cubana mas bastante diluído, devido ao fato de que nossos alunos geralmente fazem aula apenas duas vezes por semana, muitas vezes de menos de 1h30min, e muitas vezes tendo que dividir o tempo com ensaios de coreografia. As professoras que trabalham com pequenos falaram muito de suas angústias quanto às dificuldades de obter disciplina e um trabalho concentrado com seus alunos. Uma das queixas mais sérias tem a ver com a estrutura da escola: as crianças fazem aula em uma sala onde há apenas barras para adultos (e mesmo assim, altas para os próprios adultos). Fica praticamente impossível trabalhar o grand plié, porque as crianças não conseguem descer muito sem perder o apoio da barra.
Entre as coisas que enfatizei bastante, considero bem importante a inclusão dos exercícios extras, tanto de chão como mesclados com os exercícios de ballet, para fortalecer e ajudar no desenvolvimento do corpo. Reparei que, para algumas pessoas, a divisão dos ronds de jambes par terre em metades foi uma novidade, bem como a classificação de duas etapas para os echappés. Além disso, percebi que as professoras costumavam trabalhar o échappé escorregado pelo chão ao invés de saltado, o que não faz muito sentido, pois esse é um exercício exclusivo do trabalho de pontas. Falamos sobre os recursos lúdicos que se incluem nas aulas para crianças, como fazer de conta que estão tirando fotos para manter as poses, e a possibilidade de levar bonecas ou ursinhos de brinquedo para utilizar como material de apoio para exercícios ou apenas para conquistar o interesse das crianças na aula de ballet.
Conseguimos ler apenas até o terceiro mês. Na próxima aula concluiremos o estudo do primeiro ano... Como eu já esperava, o meu planejamento inicial de conteúdos já está atrasado. Enfim, vamos até o ponto que for possível dentro dessas quatro aulas de 1h30; o grande objetivo é mostrar que há muito a ser estudado para ser um professor de ballet...
Avalio esta aula como muito informativa para os alunos. Achei alguns deles um pouco dispersos, especialmente os que não têm conhecimentos prévios de metodologia e que não são professores. Fizeram seus comentários, mas parece que não se fixaram nos pontos que seriam importantes para si, ou seja, ligar a terminologia à execução dos passos. Achei ruim ficarmos todo o tempo ligados às folhas (de figuras e depois de currículo). Devido ao local, não fica tão natural pedir para um aluno ficar demonstrando todas as poses e movimentos. E também, foi sugestão dos alunos que lêssemos toda a grade curricular. Eu teria preferido ficar apenas com as dúvidas decorrentes da leitura prévia dos alunos, mas isso também possibilitaria deixar passar alguma coisa importante que eles não tivessem se dado conta.
Como professora, muitas vezes eu idealizo minhas turmas, como se todos fossem ler, pesquisar e refletir sobre os assuntos estudados, e trazer contribuições e questões de aprofundamento... Alto lá; quem sabe um dia eu trabalhe em uma universidade e possa então cobrar esse tipo de postura de meus estudantes...

Sunday, May 07, 2006

A primeira aula do curso de Qualificação para professores/2006, no Domus Estúdio de Dança (Novo Hamburgo)

Este curso foi criado porque percebi que o quadro docente do Estúdio havia se renovado, além de existir um grupo de alunos de Ballet que nunca havia estudado conteúdos teóricos fundamentais para a prática de dança, e que estavam um um nível de maturidade apropriado para adquirir esses conhecimentos. Havia pessoas solicitando um curso de preparação para professores. Esse tipo de curso já havia acontecido em anos anteriores, e fiquei interessada em oferecê-lo novamente. Assim, elaborei o projeto de um curso compacto (quatro aulas de 1h30) com fundamentos básicos, abrangendo o primeiro ano de estudo de Ballet. Apresentei a proposta à direção e oferecemos aos possíveis interessados; houve aceitação, e demos início às aulas.
Por suas características, este é um curso de formação continuada. Ele é complementar às experiências nateriores dos alunos, e é adequado a pessoas em diferentes estágios de formação.

Data: 5 de maio de 2006, sexta-feira, das 19h30 às 21h15, aproximadamente.
Estavam presentes 9 alunos; há mais um interessado, que não compareceu a esta aula por questões de saúde.
Comecei perguntando o que eles buscavam em um curso desses. Gostei das respostas: a maioria falou em conhecimentos. Ampliar os conhecimentos, conhecer mais sobre o Ballet, conhecer os nomes (a terminologia), conhecer melhor como se faz, para melhorar o seu próprio desempenho e para saber ensinar. Algumas pessoas, já professores ou a ponto de iniciar como professores, estão mais interessados em saber como se ensina. Querem conhecimentos didáticos e querem também entender melhor a questão das diferentes Escolas de Ballet com suas diferenças de nomenclatura, execução e estilos. Os alunos comentaram sobre a dificuldade de encontrar informações em livros; encontra-se pouca literatura e muito dela está em línguas estrangeiras. Na verdade há uma produção considerável de livros sobre dança; realmente, a maior parte é em inglês, mas o maior problema não é isso e sim o fato de que as nossas livrarias não costumam oferecer livros sobre o assunto.
Uma das professoras falou sobre seu trabalho com dança em uma escola regular, onde ela tem dificuldade em fazer as crianças aceitarem a prática de Ballet. Ela trabalha com outros tipos de dança, mas considera o Ballet importante e encontra resistência por parte dos alunos. Indiquei a ela um livro (que eu havia adquirido no dia anterior): Entre a arte e a docência: a formação do artista da dança, de Márcia Strazzacappa e Carla Morandi.
Após os alunos exporem suas intenções com o curso, avaliei o grupo como muito promissor, pois é composto por pessoas em diferentes estágios de formação e experiência em dança. Há alunos jovens, que praticam Ballet há alguns anos, mas nunca estudaram nada teórico sobre dança. Há professores já com experiência de trabalho, e inclusive uma pessoa formada em pedagogia da dança. Há pessoas que praticaram Ballet no passado, e que têm em vista uma oportunidade de começar a dar aulas; há pesoas que recém estão começando na dança e no Ballet e também há pessoas que já fizeram outros cursos de formação continuada e que estão reforçando seus conhecimentos. Este grupo misto é rico em diferenças, e a tendência é que essas diferenças contribuam para a diversidade de enfoques e questionamentos ao longo das aulas. Aproveitando o assunto da variedade de temas a serem abordados, entreguei um planejamento de conteúdos que eu elaborei e que penso em desenvolver, agrupados por áreas temáticas. Esclareci que aquilo não era um roteiro fixo como um cronograma, e que os assuntos poderiam ter sua ordem alterada. Vou copiar essa lista no final deste relatório.
Pedi que os alunos se reunissem em grupos de três e discutissem sobre os princípios do Ballet, elaborando uma lista de pelo menos cinco princípios gerais. Precisei esclarecer bastante, especialmente para os alunos mais jovens entenderem o que seriam esses princípios gerais como características específicas do Ballet enquanto Arte, pois a primeira tendência deles foi falar sobre os requisitos do praticante de Ballet.
Depois das discussões em grupos, cada grupo expôs suas idéias, e em vários casos eu os ajudei a encontrar o princípio geral que estava por trás de algumas das idéias expostas. Por exemplo, os alunos falaram em técnica. Ora, técnica não é um princípio do Ballet, porque tudo tem técnica, mas descobrimos que com isso os alunos estavam se referindo às codificações, à existência de passos, linhas e desenhos determinados, o que levou à determinação dos princípios gerais de Precisão, Clareza e Controle. Ao final, reunindo uma lista prévia que eu havia elaborado e o que os grupos disseram, chegamos à seguinte relação de princípios:

* Precisão
* Clareza de movimentos, linhas e posições
* Controle
* Verticalidade
* Elevação
* Negação da gravidade
* En dehors
* Nobreza
* Elegância
* Não demonstração de esforço
* Virtuosidade
* Treinamento adquirido
* Expressividade
* Frontalidade
* Sincronia com o discurso musical

Como não encontrei em livros nenhuma lista desse tipo, considero esta válida e aberta a acréscimos e à análise de falhas na categorização dos termos. Pode haver termos incorretamente aplicados aí; espero que algúem tenha a capacidade de contestar e ajude-nos a aperfeiçoar a lista.
Depois, fizemos uma revisão geral da postura básica para a prática do Ballet. Uma aluna serviu de modelo, e percorremos as partes do corpo desde os pés até a cabeça, comentanto dobre a posição correta do alinhamento ósseo, os requisitos de controle muscular, as diferenças anatômicas que facilitam ou dificultam a prática do Ballet, algumas formas de correção para alunos com dificuldades ou deficiências musculares ou estruturais (por exemplo, diferenças no comprimento do metatarso, diferentes formas da articulação dos joelhos e dificuldades com a respiração e o posicionamento da caixatorácica e cintura escapular). Falamos sobre as partes da coluna, as curvaturas e a necessidade de manutenção dessas curvaturas para dançar. Falamos também sobre o posicionamento dos braços e das mãos, e um pouco sobre as diferenças de estilos, onde a amplitude e a altura dos braços pode variar. Uma aluna comentou sobre a dificuldade de fazer suas alunas pequenas absorverem os hábitos de postura: quando uma coisa é arrumada, a outra parte desetrutura, como por exemplo, o peito e as escápulas, o quadril e o tórax, etc. Ela queria saber o que priorizar, porque percebia que as crianças não conseguiriam controlar tudo. meu conselho é a "barriga" (abdômen), sempre, como ponto de partida. Não podemos admitir a prática de Ballet com "barriga solta"; além de arrasar com os princípios estéticos (controle, negação da gravidade, elevação, elegância...), é prejudicial principalmente para a coluna do aluno. Reforcei a necessidade de se trabalhar exercícios extras de fortalecimento, e de buscar mesmo uma complementação de condicionamento físico, pois as aulas de Ballet sozinhas não são suficientes para o desenvolvimento específico de força e conscientização corporal requeridos. O aluno pode passar muito mais tempo fazendo movimentos incorretos por falta doe um desenvolvimento muscular que pode ser treinado com exercícios extra-ballet. Insisti também na necessidade do professor de Ballet ter conhecimentos pelo menos básicos de anatomia, como as grandes estruturas ósseas, articulares e musculares e seu funcionamento.
Para terminar a aula, entreguei aos alunos a grade curricular para o primeiro ano de Ballet, baseado na grade curricular da Escola Cubana e bastante reduzida pela impossibilidade de trabalhar todos os conteúdos no sistema de aulas duas vezes por semana, às vezes de apenas 1 hora de duração. Expliquei por quê trabalhávamos com a metodologia cubana (devido aos meus estudos e experiência), esclareci que essa grade curricular não era uma Verdade, nem a Melhor,
mas uma opção disponível e possível para servir de ponto de partida. Pedi que os alunos lessem os conteúdos e as orientações metodológicas, e anotasseem todas as suas questões para as aulas seguintes.
Encerrando, mostrei a eles vários livros sobre ballet, alguns em português e alguns em inglês, alguns apenas de texto, outros com ilustrações e/ou fotos. Eram dicionários, manuais de técnica, livros de história, livros direcionados especificamente para iniciantes ou para o trabalho de pontas, figurinos, repertório, etc. Os alunos adoraram conhecer tantos livros, anotaram alguns, observaram ficaram com vontade de adquirir alguma coisa.
Minha avaliação sobre a aula é bastante positiva. Abordamos vários assuntos. Todos os alunos participaram ativamente das reflexões e discussões. a contribuição de todos foi valorizada e respeitada. Para alguns, foram muitas novidades. Para outros, foi uma grande revisão. Os alunos foram estimulados a aprofundar seus conhecimentos em várias áreas. O Ballet não foi abordado apenas do ponto de vista técnico ou científico, mas também histórico e artístico.
Como na sexta-feira seguinte duas pessoas não poderiam comparecer, decidimos pular uma semana e manter o mesmo horário.

Material que foi entregue aos alunos com o planejamento geral do curso por temas:

A) Os princípios gerais do Ballet e a postura adequada para a prática. Escolas e estilos; a escola cubana de Ballet. Orientações metodológicas gerais e orientações específicas para o 1º ano. Tarefa: ler a grade curricular para o 1º ano e anotar questões.

B) Nomenclatura geral: posições de braços e pernas, direções do corpo, arabesques. O 1º ano: objetivos, conteúdos, grade curricular. Tarefa: elaborar uma estrutura de aula para a metade do 2º mês.

C) As responsabilidades do professor e suas atividades. Tipos de aulas (introdução, consolidação, avaliação). A montagem dos exercícios e as escolhas musicais. Estruturas de aula. Exercícios adicionais. Tarefa: elaborar um exercício para o 1º ano, com o objetivo de mobilizar a articulação coxo-femoral e fortalecer a musculatura responsável pelo en dehor.

D) A identidade do professor: saberes disciplinares e competências profissionais. A avaliação da atuação do professor de dança. Fechamento da oficina: avaliação dos participantes e do curso.

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O meu melhor papel nesta vida é o da aprendiz. Por isso o nome deste blog é apprenticeship, e provavelmente por isso gosto e quero fazer cada vez melhor o papel de professora. ..