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This blog is a compilation of thoughts on things I've been learning.

Friday, September 15, 2006

Workshop com Lutz Förster - relato de experiência


Entre 11 e 15 de setembro de 2006, tive a oportunidade de freqüentar um workshop de dança contemporânea com Lutz Förster, um fantástico professor da Folkwang Hochschule de Essen, Alemanha, que é também bailarino de Pina Bausch Wuppertal Tanztheater.

Nesta foto, que está no site da Companhia, ele aparece bem mais jovem. Aos 52 anos (segundo meus cálculos), conhecemos este bailarino, primeiro no palco nas apresentações do Porto Alegre em Cena, e depois em sala de aula demonstrando, contando, exigindo, solicitando, corrigindo e contribuindo para a nossa cultura, a nossa formação, a nossa percepção. Eu me apropriei sem culpa dessa imagem para ilustrar aqui as feições dele, baseando-me no pressuposto que, se uma foto está em um site público e não está protegida contra cópias, não é inadequado reproduzi-la.

A experiência deste workshop foi fascinante por várias razões. O conteúdo proposto foi o trabalho físico de preparação técnica do bailarino para a dança contemporânea. Os princípios que regem os movimentos trabalhados pertencem a uma longa tradição que provém dos grandes nomes da dança alemã, como Laban e Kurt Joos. Além de serem cientificamente fundamentados, anatomicamente adequados, rítmica e energeticamente variados, os movimentos são de grande beleza e auxiliam na construção de um corpo versátil e inteligente para a dança. O professor tem vasta experiência, muito conhecimento, clareza e mais uma série de qualidades que o tornam um excelente condutor de classe, como domínio, bom humor, musicalidade apurada, rigor e um olho para os detalhes que diferenciam a perfeição da imperfeição na execução dos movimentos. Todas as aulas contaram com um músico acompanhante, munido de diversos instrumentos de percussão que incluíam um prato, um cajón metálico tocado com escovas, um carrilhão e um carrilhão de chaves, um chocalho de conchas, um berimbau, um agogô, um pandeiro, e provavelmente outros instrumentos nos quais eu não reparei... As aulas duravam duas horas e aconteciam em uma sala ampla, com linóleo, espelhos e barras fixas e móveis. Havia espaço suficiente para os muitos participantes, e possibilidade de acomodação para diversos ouvintes que vinham todos os dias conhecer e prestigiar esse evento tão significativo para a dança em Porto Alegre. O único defeito nessa sala era o chão de piso duro, sem a flexibilidade necessária para amortecer as quedas, especialmente nos saltos. Para manter a saúde dos pés, dos joelhos e da coluna, um bailarino não deve trabalhar constantemente sobre um piso desse tipo, mas como o curso durou apenas uma semana, certamente as vantagens superaram em muito esse probleminha estrutural.

Desde o princípio, quando o workshop foi anunciado, foi possível perceber a seriedade e o empenho dos produtores em realizar um evento significativo e com alto nível de qualidade. Para que todos os participantes tivessem um bom aproveitamento e para tornar possível o trabalho do professor, foi realizada previamente uma aula-audição, onde os interessados em freqüentar as aulas foram observados por alguns bailarinos e professores, e foram selecionadas aquelas pessoas que demonstraram melhor a capacidade de, naquele momento, compreender e aproveitar o curso. Tudo foi arranjado com a devida antecedência, e os bailarinos selecionados foram solicitados a confirmar sua participação desde que tivessem realmente a disponibilidade de freqüentar todos os dias do curso e de permanecer durante todas as horas-aula previstas. É claro que, no decorrer da semana, houve uma pequena flutuação diária entre os participantes, devido a diversos imprevistos que podem ocorrer, mas basicamente a freqüência dos alunos se manteve do início ao fim do curso. Também existiram pessoas que participaram devido a outros arranjos e indicações, sem ter participado da aula-audição, mas isso de forma alguma interferiu no aproveitamento de todos os participantes.

Para nós, bailarinos de Porto Alegre e arredores (vieram alunos de outras cidades também) foram muitas as lições aprendidas. O aporte de informação foi tanto que, na verdade acredito que ainda não conseguimos digerir e assimilar tudo. O trabalho físico foi estimulante e extenuante. O professor, muito exigente quanto à qualidade e à precisão musical, obteve de todos concentração e muito empenho. Algumas pessoas sofreram com a dificuldade lingüística, por não entenderem o inglês, apesar da colega que fazia a tradução do que o professor dizia. Infelizmente, essas pessoas perderam o “colorido” da fala do professor, que fazia muitas comparações e comentários humorosos para ajudar a passar as idéias que sustentam e justificam os movimentos. O professor fez muitas referências à teoria que explica os exercícios, como a análise de movimentos de Laban, as qualidades rítmicas, as questões físicas como resistência, peso, ondulações, pêndulos... Como parte de sua didática, lançava muitas perguntas aos alunos, o que exigia que todos pensassem para tentar encontrar as respostas e as razões de se fazer os movimentos de determinadas maneiras. Quando a execução estava muito aquém do esperado, mesmo para uma turma iniciante, ele não hesitava em interromper tudo, mostrar novamente, explicar novamente e exigir mais apuro na execução. Muitas vezes ele passava sutilmente e colocava o corpo de um aluno um pouco mais pra cá ou pra lá, sacudia para verificar o excesso de tensão, ajeitava a postura, etc. Outras vezes, ele parava tudo e ficava insistindo com uma pessoa até que ela chegasse mais perto do movimento proposto. Essa última observação aconteceu mais vezes com os participantes homens.

Uma característica muito marcante deste professor é a sua capacidade (e a autoconsciência que ele possui dessa capacidade) de transmitir informações por meio de pura expressão corporal, vocal e sonora. Em muitos momentos ele se poupava de falar, fazendo apenas gestos, expressões ou posturas tão expressivas que comunicavam suas intenções, correções, censuras e comandos de classe. A qualidade dos movimentos era muitas vezes exemplificada por meio de entonações vocais. E o sinal musical para iniciar as aulas era simplesmente sutil, gentil e genial. Ele solicitava ao músico que fizesse soar algumas vezes (que foram diminuindo; ao final da semana, não eram necessários mais de quatro toques) um som metálico espaçado como um sino ou um relógio, e isso era suficiente para que todos encerrassem as suas conversas e alongamentos no chão e se levantassem, em silêncio, para iniciar a aula. Esta maneira elegante de iniciar é apenas um exemplo que ilustra a dignidade, o cavalheirismo e a segurança com que este senhor conduzia as suas aulas.

A distribuição das pessoas no espaço também era feita com propriedade. No centro, os alunos eram geralmente divididos em dois grupos, para que todos tivessem mais espaço e para que fosse mais possível observar todos os alunos. Dependendo da movimentação, os alunos podiam ser organizados também em filas ou colunas. Muitas vezes, especialmente em movimentos de saltos, apenas os homens eram solicitados a repetir mais vezes os exercícios, a exemplo do que ocorre com freqüência em aulas de ballet clássico. (Literalmente: abrindo parênteses. Esse tipo de condução, embora muito tradicional, não chegava a tirar a contemporaneidade do trabalho. Há tradições que precisam ser rompidas, e acertadamente buscam-se novas alternativas de trabalho; outras não incomodam e funcionam bem, e por isso elas podem ser mantidas. Talvez isso também sirva para mostrar, para os adeptos da ultra-hiper-super contemporaneidade, que não é preciso liberar geral e aceitar qualquer postura, qualquer ocupação do espaço e qualquer estrutura de aula para poder afirmar que se está trabalhando “dança contemporânea”).

A dosagem do trabalho durante a aula tinha equilíbrio, partindo de um aquecimento em uma seqüência crescente na barra, intercalando exercícios vigorosos com outros mais suaves. O centro iniciava novamente com algo mais suave e ia crescendo, até chegar aos saltos ou a deslocamentos diversos que exigiam muita força ou uma energia em alta rotação. Para encerrar a aula, sempre havia uma movimentação menos vigorosa, muitas vezes agregando uma dimensão mais expressiva e lúdica, com o grupo todo participando ao mesmo tempo.

Terminamos a semana com muito entusiasmo pelo trabalho. Todos perceberam que aprenderam muito, não só pelo trabalho físico em si, que foi intenso e cheio de desafios, mas também pela dedicação profissional do professor, que generosamente compartilhou conosco a sua forma de trabalhar e soube obter, deste grupo (como certamente ele obtém de todos os grupos com que trabalha), o melhor que essas pessoas poderiam ter conseguido nesta única semana específica, neste momento de suas vidas.

Bailarinos gostam de trabalho duro; bailarinos adoram professores, diretores e maestros exigentes, que propõem desafios, que os puxam e os estimulam e ir mais além do cômodo; bailarinos ficam doloridos com prazer ao repetir indefinidamente uma movimentação difícil, quando eles sentem que estão sendo exigidos para o melhor; e acima de tudo, bailarinos AMAM se matar de trabalhar diante de uma pessoa que respeita, perpetua e multiplica a arte e a excelência da dança.

Observações adicionais e um tanto mais pessoais: à medida que as horas vão passando, e que o workshop lentamente vai se tornando um fato distanciado em um tempo passado, continuo refletindo muito, não só sobre a carreira profissional em dança, como também sobre a minha trajetória particular, sobre as oportunidades que tive e que não tive, sobre a inteligência que apliquei e que deixei de aplicar em meus diversos estudos e experiências, e muitos outros etcetras. Uma das idéias posteriores que está me ocorrendo, como uma ficha retardatária que cai, diz respeito ao ofício de professor, tema que tanto me interessa e ao qual inúmeras vezes retorno... Percebo claramente que ser professor é uma ocupação totalmente relacionada a um COMO, mais do que a um O QUÊ. Sim, o professor tem que ser um grande aprendiz, sim, tem que haver acumulado muito conhecimento, e todas as outras competências. Mas o mais relevante é o como. Como ele faz para ensinar. Como ele faz para ser professor. Como ele se relaciona e se comunica com as pessoas. Como ele escolhe, como ele comanda, como ele exige de si mesmo.

Eu não disse nada novo, eu sei. Mas para mim aconteceu mais um momento de revelação, e tentei expressá-lo. Infelizmente, as palavras velhas e frias não vêm com "AWE" - espanto, encanto, maravilha. Continuo com a certeza de que estou absorvendo sabedoria por ter passado uma semana estudando com um representante do velho mundo. Percebi-me latina, submundana, tosca, renegada. Não é um ataque terceiro-mundista de idolatria, é a minha análise dos aspectos antropológicos e sócio-culturais desse encontro. É por isso que, durante toda a semana, eu estava com uma sensação de que eu não estava dando conta de absorver tudo o que estava se passando. É que algumas revelações são difíceis de admitir. Foi lindo e foi trágico. Agora desejo avançar e continuar a construir, ainda, uma história profissional consistente para a minha vida. E espero nunca me perder dessa capacidade de discernimento, que é um tesouro que tenho me esfoçado por conquistar.

Friday, June 16, 2006

Participação da turma de contemporâneo no Encontro Meme de Arte Experimental




Nesta quarta-feira, 14 de junho de 2006, aconteceu o 2º dia do Encontro Meme de Arte Experimental. Nesse dia, vários artistas (bailarinos, coreógrafos, músicos, atores, performers, artistas visuais, fotógrafos e outros assemelhados) foram convidados e reuniram-se no Teatro Renascença para mostrar seus trabalhos e também para fazer "experimentos em tempo real".
Eu fui convidada na qualidade de pesquisadora/criadora, e levei 14 pessoas da turma de contemporâneo do Domus para que eles mostrassem em cena o que temos trabalhado até agora, em uma montagem que estamos realizando para este ano. Compareceram os seguintes alunos: Priscilla, Manuela, César, Rafael, Everton, Melina, Gabrielle, Gabriela, Karine, Nicole, Sharon, Bianca, Bibiana, Cibele. Além desses, a Juliana foi como convidada para apresentar o solo coreografado pela Priscilla, e a Vanessa, para apresentar seu duo com o Rafa, esses dois trabalhos na qualidade de intervenções em espaço alternativo (no saguão do teatro). Infelizmente, por modificações na estrutura do evento, esses dois trabalhos não foram apresentados, pois os bailarinos sentiram que o público iria dispersar devido ao adiantado do horário. Descontando essa ocorrência, tudo indica que a oportunidade foi de muita riqueza e crescimento para os artistas e público envolvidos.
Para o pessoal que veio de Novo Hamburgo, foram muitas aventuras, iniciando pela organização dos carros para a "viagem" e a descoberta do percurso até o Teatro, que não é tão simplesinho de chegar, especialmente na hora do pique no trânsito que eles pegaram. Chegando ao teatro, outra aventura: nosso camarim ficava no andar superior, com acesso por uma escada semelhante às de incêndio. As meninas de bota e saltão passaram algum trabalho...
O trabalho que apresentamos está bem incipiente em seu processo. Há algumas estruturas marcadas, inclusive em música. Há outras estruturas muito abertas, que eles devem percorrer qundo os encontros acontecem. Há muito espaço para improviso e, como eu sempre digo, para ser preenchido com a PRESENÇA dos bailarinos. Acho que isso é um dos meus maiores objetivos, na qualidade de professora, a atingir com essa turma neste momento. Eles têm bastante técnica corporal e bastante expressividade também, mas essas condições ainda estão muito condicionadas às coreografias marcadas e ensaiadas à exaustão, onde todos já sabem tudo o que deve acontecer. A idéia aqui foi quebrar essa "segurança" da coreografia pronta, e jogar para eles a responsabilidade de preencher o trabalho com os seus corpos, os seus movimentos, os seus sentimentos e a sua capacidade de tomar decisões em cena.
No ensaio que fizemos no palco, não gostei do resultado. Achei os bailarinos distantes, tímidos, inseguros. Em geral, o trabalho aconteceu muito no fundo do palco (este palco é bastante profundo), com muitos momentos de costas e com algumas caras de susto. Essa foi uma orientação que passei para eles depois dessa passagem de palco: pedi interação com a platéia, relação com a platéia. Pedi que usassem mais a frente do palco e que procurassem perceber e integrar-se com o público. Eles perguntaram o que significava isso, se podiam sair do palco, falar, olhar para o público, etc. Eu disse que tudo podia...
No final da primeira apresentação da noite, aconteceu um fato muito notável. Como haviam ficado muitos pingos de cera no chão, e havia umas fitas a serem retiradas, a Marisa entrou tocando (acho que DARBAK) e o pessoal do Meme começou a dançar e retirar esses elementos do palco. Em determinado momento, o Laco falou aos bailarinos que estavam ali por perto que eles poderiam entrar também em cena, dançar e ajudar a limpar o palco. Pois bem, os três meninos de Novo Hamburgo foram em frente, e bem felizes. Eu adorei a manifestação, e fiquei um pouco intrigada porque nenhuma das meninas teve o impulso suficiente para ir... Imagino que algumas tenham tido uma ponta de vontade, mas o que as impediu??? O que tranca as pessoas?? Que medos e vergonhas e rubores são esses? Não são anjos de mármore, então, porque não conseguem se deixar manifestar? Enfim, considerei a participação dos rapazes nesse momento um sucesso.
Quando chegou a hora do nosso trabalho (4ª apresentação da noite) fiz um experimento com um músico. Convidei Marcus, um saxofonista que estava participando de outros trabalhos, para entrar e tocar de improviso no início, quando o César faz um solo e ouve-se a poesia "Romaria" do Carlos Drummond de Andrade. Não gostei muito do resultado, porque achei que o sax tem um som muito intenso que mata um pouco o impacto da poesia. Acho que só a gravação do poema deixa a atmosfera inicial mais intimista, mas foi muito válida a experiência, pois assim nos integramos mais à proposta da experimentação e da intervenção de outros artistas.
O início feito pelo César foi bom. No ensaio ele estava ainda inseguro, mas conseguiu boa concentração quando realmente entrou em cena. Infelizmente a vela que trazia logo se apagou. Isso tem se constituido em um pequeno problema, esses nossos objetos cênicos. Usamos velas de sete dias, porque elas têm boa base e ficam firmes no chão, mas os pavios são muito finos e apagam com muita facilidade. Temos que rever as velas a utilizar.
Outra coisa que foi mexida nesse dia foi a entrada da procissão. Normalmente ensaiamos como se as pessoas entrassem de coxia, mas o teatro estava sem as coxias. Modifiquei a entrada, fazendo com que a procissão já viesse entrando durante o solo do César, percorrendo um caminho lateral até chegar na diagonal. Gostei desse resultado, vou tentar encontrar sempre uma solução assim, para dar melhor a idéia de que a procissão vem de longe. Quem faz tudo de joelhos vai sofrer um pouquinho, mas acho que isso faz parte exatamente da proposta, pois em procissões há gente disposta a fazer seu sofrimento expiar algumas culpas ou valer algumas graças... O pessoal ainda tem que se entregar muito mais à proposta temática do trabalho, e essa imersão deve partir da vinda da procissão. Eles têm que construir cada um o seu motivo de estar ali, a sua busca, e os seus significados espirituais. Esse é outro objetivo que espero alcançar a partir dessa experiência de proceso em cena. Acho que esse objetivo pertence um pouco à professora, que está tentando mostrar aos seus alunos um processo de composição em dança contemporânea, e um pouco à coreógrafa, que quer bailarinos instrumentalizados para responder às demandas da obra coreográfica. Nesse caso, o tema não é mesmo simples. Falar da religiosidade ou da espiritualidade requer uma investigação particular que talvez estes bailarinos nunca tenham feito, ou não tenham achado importante fazer. Estou solicitando que os bailarinos reflitam sobre o papel da espiritualidade nas suas vidas, e ainda preciso encontrar muitos outros recursos para suscitar esse tipo de reflexão neles, e para transformar essa reflexão em movimento e em cena. É desafio tanto para eles quanto para mim.
Achei que eles entraram ainda tímidos, mas que foram ganhando confiança com o desenrolar da apresentação. Nos momentos finais, gostei realmente do resultado que vi. Percebi com muita clareza o pessoal buscando o público; reconhecendo a presença do público e tentando uma relação com eles. Algumas pessoas vieram bem à boca de cena, houve quem saísse do palco e caminhasse entre a platéia, com uma vela. Houve olhares e passagens pela frente, inclusive de bailarinos que geralmente se escondem mais. Essa foi uma das vitórias da noite, e que me dixaram muito satisfeita com os resultados "didáticos" obtidos. A ocupação do espaço foi boa; os bailarinos souberam se distribuir com equilíbrio em cena, o que comprova que eles estavam tmabém conscientes da presença e do deslocamento dos colegas. Alguns interagiram entre si, o que é sempre interessante. Percebi que os improvisos partiram das estruturas de movimentos já trabalhadas, e que elas se abriam e se transformavam, dando espaço para uns poucos momentos de maior ousadia. Obviamente há muito mais a percorrer até que se possa afirmar que o pesoal adquiriu "técnica de improvisar", mas percebo que eles já estão entendendo o improviso como algo que tem seus requisitos para não ficar simplesmente uma grande incoerência, e estão começando a se movimentar dentro dessa compreensão.
O que percebi como necessidade para tornar o trabalho menos monótono é que temos que esclarecer os momentos em que certas pessoas ou grupos devem receber destaque, onde os outros devem se manifestar mais como fundo para conferir força às figuras principais. Preciso então pensar em maneiras de unificar mais o plano de fundo, ou seja, os bailarinos queformam a modura para que as cenas en destaque apareçam e possam ser lidas com mais clareza. se todos ficam em deslocamento o tempo todo, fica uma monocordia tediosa, e perde-se o interesse coreográfico.
Os figurinos são também uma incógnita. Achei bastante limpo utilizar as cores azul e branco. Os tipos de roupas que eles trouxeram não foram ainda todos adequados. Essa pesquisa eles terão que fazer com a composição dos estados, que está mesmo em fase inicial. A coreografia ainda não está tocando emocionalmente, e isso deverá evoluir. Estou bastante curiosa para ver os resultados que vão aparecer nas próximas vezes em que trabalharmos o nosso processo em sala de aula, e também para perguntar sobre as impressoões que eles absorveram dessa experiência.
Falando do evento de maneira geral, foi muito positivo, e inovador, pelo menos neste local e neste tempo. Não tenho visto este tipo de evento em nossos arredores. Alguns dos trabalhos apresentados estavam já com mais estrada, com muita estrutura pronta e mais formatados, enquanto a maioria foi realmente de cunho improvisatório e experimental. À medida que observavam os trabalhos, vi que alguns de meus alunos perceberam a criação de um fio condutor dentro dos improvisos, que os tornam coerentes e muito interessantes. Entre comentários que ouvi, achei interessante como eles perceberam os demais bailarinos do evento como muito "fortes" (querendo significar que as pessoas eram muito experientes e com muito domínio de cena). Foi muito importante também ver tantos homens em cena (que não é tão comum no cricuito de festivais estudantis que eles geralmente frequentam), ver o uso de recursos como a fala, a interação de músicos e bailarinos, o trabalho com tecido e também a atividade da artista que ficou trabalhando com argila durante as apresentações.
No final, os participantes foram chamados para uma conversa com o público. Infelizmente, eu (opinião realmente particular) não gostei da tônica dos debates neste dia. Ficou-se na discussão da formação de público para este tipo de trabalho, nos conceitos de "experimental" ou "contemporâneo", nas políticas públicas para incentivo a encontros de arte, na cobertura da mídia, na captação de verbas.... E não houve tempo para debater o que eu teria achado mais interessante, os processos diversos que foram apresentados. Talvez porque me interessa muito saber dos processos de outros artistas, como eles nascem e se desenvolvem, que recursos eles usam para chegar aos resultados de suas pesquisas, etc. Fiquei sentindo falta disso. E também fiquei chateada porque não foi feito nenhum intervalo, que seria o momento para as intervenções com os dois outros trabalhos que o pessoal de Novo Hamburgo pretendia apresentar. Como o debate já aconteceu um pouco tarde, os bailarinos perderam o clima, e desistiram de mostrar os trabalhos. Acho que teria sido muito válido, porque seria uma inversão da ordem normal das coisas. Os trabalhos experimentais foram apresentados dentro do teatro; os trabalhos que contavam com coreografias bem estruturadas seriam levadas para fora, e se tornariam, só por isso, experimentais também...
O balanço final foi muitíssimo positivo, e falo isso mais do ponto de vista da professora. Claro, as aulas foram suspensas nesse dia, mas penso que estes alunos que tiveram a oportunidade de comparecer tiveram uma aula/vivência maravilhosa. Alguns alunos comentaram que gostariam que esse tipo de evento acontecesse todo mês, e também que isso pudese ser realizado em Novo Hamburgo. Também ouvi comentários de que é muito bom ter a liberdade de fazer o que quiser em cena e mudar ou inventar à vontade. Claro, não se trata realmente de "fazer o que quiser", mas isso é o bom senso dos bailarinos que vai ensinando... e a técnica. É, sim, um exercício de liberdade dentro de uma arte, e os trabalhos apresentados no evento foram coerentes com esse princípio. Não aconteceu apenas "loucurada" total, nem resolução de "crises pessoais" em cena, como reclamam alguns críticos do trabalho experimental e improvisatório.
Feliz com os resultados alcançados, preocupada com a assimilação da experiência e com a continuidade dos processos (formativo e artístico), sigo tentando construir os meus papéis de artista e professora...


Saturday, June 10, 2006

A quarta (e última) aula do curso de qualificação para professores



No dia 9 de junho de 2006 realizamos nossa quarta aula. Desta vez, contamos com um problema infra-estrutural extra. Para quem não sabe, o Domus está localizado dentro da Sociedade Ginástica de Novo Hamburgo. As aulas ocorrem no segundo andar da sede social. O salão de festas do clube fica nesse andar.
Ontem, sexta-feira, dia do nosso curso, havia um evento em preparação para a noite. Haveria o show de uma banda de rock. Pois a banda estava lá, fazendo a sua passagem de som... e obviamente ficou insuportável o barulho. Procuramos um local alternativo para realizar o curso, e acabamos optando pelas mesas externas da lancheria. Foi possível fazer a aula, mas em alguns momentos realmente tivemos que gritar para nos ouvirmos; além da dispersão maior dos alunos (os adolescentes menores) por causa do ambiente e das condições.
De início, cada pessoa apresentou as suas propostas de exercícios como havia sido pedido. Apenas duas pessoas montaram exercícios totalmente estruturados com contagens para serem realizados na barra. Os demais trouxeram sugestões de exercícios diversos, alguns na barra e muitos no chão. Como exercícios específicos para desenvolver a mobilidade da articulação coxo-femoral, foram trazidas as seguintes sugestões:

Na barra, ou em pé:
  • Tendus com rotação paralelo/en dehors, com pés flexionados e com pés esticados
  • Passé com movimentação paralelo/en dehors
  • Passé com movimentação do joelho em forma de "oito" pela frente do quadril, terminando em passé en dehors
  • Sequências de passé e pointés em tendu à frente, ao lado e atrás
  • Demi-pliés e grands pliés
  • Grand plié em segunda posição, com os joelhos encostados de frente contra uma parede. Um colega empurra o quadril do executante contra a parede, forçando a abertura de virilha ao mesmo tempo que força a flexão articular
  • Dégagé e trabalho de flexão do joelho e do pé
  • Talonnés em segunda posição forçando o calcanhar para a frente (tendus doubles)

No chão:

  • Deitado de costas com os ísquios encostados contra uma parede e pernas abertas em segunda, movimentar as pernas en dedans e en dehors
  • Sentados em borboleta, forçar os joelhos para baixo (o próprio executante ou um colega)
  • Deitado de costas com as pernas no ar em 2ª posição, fazer movimentos em forma de oito (para dentro e para fora) com os dois joelhos semiflexionados
  • Sentados em quarta posição, com os ângulos do quadril e dos joelhos exatamente em 90º, trabalhar a movimentação do quadril apoiando os dois ísquios no chão alternado com a elevação do quadril do lado da perna que está para trás
  • Sentados ou deitados com as pernas estendidas e unidas, rotação en dehors/paralelo, com os pés flexionados e com os pés estendidos. Pede-se que os alunos tentem encostar o dedo minguinho no chão no en dehors
  • Variação do movimento anterior, sentados: com auxílio das mãos, erguer um pouco o quadril do chão, mantendo as pernas esticadas, para perceber com mais facilidade o minguinho encostando no chão
  • Sentados ou deitados com pernas estendidas, movimentos de passé paralelo, abrir joelho en dehors, descer a perna e voltar ao paralelo no final (e também no sentido oposto)
  • Sentados, fazer développés em segunda posição com o pé na mão
  • Sentados ou deitados com as pernas em primeira posição, fazer movimento de demi-plié, flexionando os pés
  • Sentados ou deitados com as pernas estendidas, elevar a perna à frente e fazer rotações paralelo/en dehors

Acredito que esses foram os movimentos sugeridos (se alguém que participou ler este relatório e lembrar de outro exercício, por favor comente).

A seguir passei para o último assunto do curso, relacionado às competências profissionais e aos saberes docentes. Para esse conteúdo, preparei duas folhas com os conceitos que tem sido estudados em formação de professores e com as competências do professor de dança segundo a página DANZADANCE da Internet (México).

O motivo pelo qual incluí esse assunto no curso está relacionado às minhas experiências de formação na UFRGS e no grupo de pesquisa de formação de professores em música. Somando as experiências das disciplinas de metodologia, o estágio, o TCC, a bolsa de pesquisa, percebi como se tem dado importância e como é necessário fomentar ainda mais a conscientização do professor como um profissional que tem uma série de obrigações e de competências e que deve ser respeitado dessa forma. Os professores de dança também devem ter conhecimento dessas questões e preparar-se para exercer com dignidade a sua profissão. Iniciamos o assunto fazendo uma discussão sobre a condição do professor de dança (em escolas regulares e em academias e cursos livres).

Os participantes que não são professores ainda comentaram sobre a postura de diversos professores (de dança e de outras áreas), contando fatos que demonstram o maoir ou menor respeito e dedicação dos próprios professores ao seu trabalho. Os participantes que já atuam como professores falaram de suas dificuldades quanto aos tamanhos das turmas, às condições estruturais das escolas, aos diferentes interesses e desigualdade de condições físicas dos alunos. Falaram sobre a presença da dança nas escolas regulares, do mau uso que a dança tem, muitas vezes por falta de preparo dos professores que se encarregam dela, e da má imagem geral que isso causa com relação à dança em si e aos professores de dança. Discutimos também a presença da dança nas universidades e das cadeiras de dança que acontecem em outros cursos, como artes visuais e educação física.

Nas folhas que preparei para o curso, incluí apenas os conceitos gerais de competências e de saberes, e uma lista geral dos saberes docentes segundo GAUTHIER. Achei que mais do que isso seria um aprofundamento desnecessário no nosso caso, pois estou apenas introduzindo um assunto que deve ser tratado nas licenciaturas universitárias. Percebi, no entanto, que o assunto foi mais bem recebido do que eu esperava: os participantes se envolveram no assunto e consideraram séria essa discussão do "ser" ou "tornar-se professor". Achei muito positiva a receptividade desse grupo, o que demonstra que são jovens sérios que desejam encontrar um caminho real para atuarem como profissionais no ensino de dança. Novamente eles expuseram sua inquietação com a escassez de fontes, livros, cursos falando sobre a formação do professor de dança e todos os seus conteúdos complementares.

O outro conteúdo que incluí nas folhas é uma lista de competências metodológicas e pedagógicas do professor de dança. Essa lista estava em um grande formulário colocado pelo site DANZADANCE como amostra para a avaliação de um professor de dança (possivelmente para uso de um supervisor ou administrador de escola de dança). Achei esse material muito interessante, não por ser uma verdade absoluta, mas por ser, pelo menos de meu conhecimento até hoje, a única lista elaborada com competências específicas para um professor de dança. A partir dessa lista, pode-se discutir a pertinência das competências listadas, a necessidade da inclusão de outras, etc, mas pelo menos é um ponto de partida. A lista original estava em inglês; eu a traduzi, e a tradução está anexada ao final deste relatório.

"Competência" é um termo que possibilita duas interpretações distintas. Uma diz respeito ao "ser competente" para realizar alguma coisa, ou seja, ter os conhecimentos e habilidades necessárias para levar a bom termo a realização de uma atividade. A outra interpretação tem a ver com a alçada de uma pessoa oude um profissional, àquilo que se espera dele naquela posição. Por exemplo, compete aos professores dar suas aulas e obter tais resualtados, assim como compete ao policial zelar pela segurança dos cidadâos, etc. No conceito de competência profissional de PERRENOUD (que foi o que eu trouxe para o curso), o termo está relacionado às capacidades do professor, ou seja, àquilo que ele sabe e consegue fazer em seu trabalho.

No caso da lista de competências do professor de dança, os dois significados estão juntos. afinal, essa lista foi elaborada para que um supervisor, assistindo à aula de um professor, possa se guiar pelos itens citados como critérios e atribuir um número para quantificar o grau em que aquele professor corresponde a determinado quesito, ou seja, a quantidade de competência com que esse professor executa uma ação que lhe compete.

Terminando a leitura e a discussão dos itens contidos nas folhas, Pedi aos participantes uma avaliação do aproveitamento do curso. Todos acharam positivo; a maioria, na verdade, não lembrava que esta era a última aula e ficou com muita vontade de continuar e estudar muito mais. Eles comentaram a importância da nomenclatura, das figuras com os gráficos das direções no chão, dos exercícios comentados e da troca de idéias e sugestões de atividades entre os diversos professores. Foi citada também a importância destes estudos para a sua atuação como bailarinos, refletindo e incluindo mais conhecimentos na hora da prática. Os alunos mais jovens acharam mais importante a terminologia, a grafia dos termos e as ilustrações, e também as bases para começar a aprender a pensar como professor para uma possível carreira no futuro.

As minhas considerações finais também são muito positivas. Sei que não aprofundei tanto cada assunto proposto, mas até pela experiência que tenho dos cursos anteriores, acho que nesses cursos (que são de formação continuada) os alunos ganham mais se tiverem mais noções de um todo do que muita especificidade sobre um detalhe. Por exemplo, se ficássemos descrevendo em detalhe as características específicas de cada item da grade curricular do 1º ano, só teríamos visto isso neses quatro encontros, e os alunos não poderiam relacionar a grade curricular aos exercícios extras, à postura, ao trabalho de planejamento e objetivos do professor, etc. Assim, estou aprendendo (e é um aprendizado para mim, que sempre gostei de me prender aos detalhes, de ir às minúcias) a globalizar; a fazer escolhas de prioridades e a ver do ponto de vista do aproveitamento prático dos alunos. Um professor aprende a ser professor sendo professor; eu aprendo a planejar e implanter cursos de formação continuada de professores de dança à medida que os realizo, e a experiência vai se acumulando... Estou saindo deste curso, portanto, bastante satisfeita com o que consegui selecionar e discutir com estes alunos, e bem otimista quanto a haver despertado o interesse deles em continuar pesquisando e estudando.

Competências do professor de dança (segundo o site DANZADANCE.ORG: Dance teacher assessment. Disponível em: <http://www.geocities.com/Vienna/1854/danceassessment.html>)

I. Aspecto Metodológico: o professor...

Segue o currículo/programa/grade curricular
Segue uma seqüência lógica
Tem objetivos claramente definidos para cada aula ou atividade
Demonstra capacidade de perceber e corrigir erros metodológicos
Demonstra congruência entre os objetivos da aula e a estrutura da aula
Os exercícios e combinações são montados de acordo com os objetivos da aula
Domina o conteúdo a ser aprendido: metodologia, contagem, ritmo, acentos, fluidez
Aplica corretamente as práticas de ensino estabelecidas para cada conteúdo
Modifica a aula criativamente de acordo com as políticas da escola
Utiliza o ritmo e a música correta e criativamente

II. Aspecto pedagógico: o professor...

Demonstra capacidade de corrigir erros dos alunos e obter resultados
Motiva os alunos e corrige-os de maneira apropriada
Mantém um ambiente positive na aula e evita interrupções e espaços de tempo ociosos
Demonstra os exercícios somente quando necessário, tem a capacidade de demonstrar em um aluno e de evitar imitações incorretas dos passos, poses e movimentos
Domina a terminologia; consegue usar a terminologia para descrever os exercícios e os alunos conseguem executar combinações e exercícios apenas ouvindo o emprego da terminologia pelo professor
Faz uso apropriado da música para cada exercício ou interage e controla o pianista acompanhador; não perde tempo selecionando música apropriada para os exercícios
Utiliza voz clara e audível durante a aula e está ciente de que todos os alunos podem vê-lo e entendê-lo
Mantém uma atitude positiva com relação aos alunos
Utiliza o espelho e outros materiais didáticos apropriada e criativamente; muda a frente periodicamente enquanto ensina
Mantém a disciplina durante a aula

Thursday, June 08, 2006

A terceira aula do curso de Qualificação para Professores 2006


Está começando a ficar difícil de manter os relatórios atualizados... o semestre aproxima-se do final e os eventos começam a aparecer e exigir nossa presença... mas vamos tentar recordar o que fizemos na terceira aula:
Inicialmente, completamos a leitura dos conteúdos do primeiro ano. Para as leituras, utilizei o seguinte procedimento: pedi a cada aluno que lesse um bloco de passos para cada mês (o bloco de exercícios de barra, ou o bloco de centro, ou o allegro), e após essa leitura verificávamos se todos entendiam, se conheciam todos os passos, se sabiam como introduzí-los aos alunos. Essa leitura de cada participante foi importante, para verificar se todos sabem ler os termos em francês e relacioná-los à pronúncia (que eles já conhecem de ouvido), identificando o passo. Alguns alunos tiveram dificuldades com a leitura de alguns termos. O termo que causou mais dificuldades foi o temps lié. Minha expectativa, como professora, é que eles gravem essas palavras e associem a grafia à pronúncia e ao termo. Porém, como vários dos participantes do curso são adolescentes, ainda bastante irresponsáveis e desligados, temo que esses detalhes se percam...
Enfim, como ouvi ontem na minha Masterclass de violão na UFRGS, as "dicas" que um professor dá só têm valor quando o aluno está preparado para compreendê-las. Isso é verdade. Por isso às vezes um professor se sente (com o perdão da comparação, é apenas uma analogia) "atirando pérolas aos porcos". Muitas vezes sabemos que estamos entregando a chave de ouro para a solução de uma dificuldade ou uma falha que o nosso aluno está enfrentando... mas ele não está pronto para ouvir ou entender aquela dica ou aquela correção. ele não está maduro para aquele nível de reflexão. Às vezes pode ser a forma como o professor expõe, às vezes é pura falta de conexão no cérebro do aluno entre o problema e a solução. Costuma ser um pouco frustrante para o professor, mas então, é uma lacuna nas competências, justamente tema que ainda pretendo abordar no curso, mesmo que superficialmente. Tem várias facetas este ofício de professor...
Esse desabafo frustrado meu foi agravado ontem pela resposta de um aluno, provavelmente o caso mais difícil que tenho na turma de ballet e no curso também. O rapazinho em questão tem 15 anos e tem muito interesse na dança, mas tem uma imaturidade cerebral (e também física) exasperadora. Fiz a ele uma pergunta teórica sobre a denominação de uma posição que estávamos utilizando na barra (écarté devant), e ele errou. Até aí está OK ainda, pois todos podem errar ou acertar com igualdade de chances, mas o pior foi o complemento da resposta. Quando ele percebeu que tinha respondido errado, quis consertar com a desculpa: "eu tinha pensado em chutar devant". Isso foi uma imensa demonstração de inconsequência com o que ele está estudando, pois ele teria plenas condições de pensar seriamente na resposta, ao invés de apenas "chutar" qualquer coisa. Isso me leva a avaliar como péssima a assimilação de matéria desse garoto, e a pensar que ele não está preparado para receber todas as informações que está recebendo...
Voltando às atividades da terceira aula, uma das professoras comentou que sentia falta do pas de chat na metodologia, pois acreditava que os alunos podiam aprendê-lo mais cedo. Procurei na metodologia, e encontrei o pas de chat no 7º mês do 4º ano, conforme a grade curricular adaptada que fizemos para utilizar no Domus (na grade original da Escola Cubana, esse passo encontra-se no 2º ano, mas vem dentro de uma ordem de passos anteriores que não deve ser alterada). Devo me lembrar na próxima aula de indicar a ela onde esse passo está, e por que ele não deve ser introduzido anteriormente. Complementando aqui o comentário sobre esse quesito, vejo que isso é um dos principais problemas que costuma resultar em alunos com formação deturpada em ballet. Os professores julgam que certos passos são "simples" e que os alunos já estão preparados para aprendê-los. O que acontece então é uma assimilação deturpada das verdadeiras características daquele passo, problema esse que é muito difícil de corrigir depois de arraigado no corpo dos alunos. O aluno aprende a reproduzir a forma de um passo antes de ter as condições físicas para executar o seu formato completo, com todas as suas características. O aluno pensa que está executando aquele passo, mas está fazendo uma imitação pobre e descaracterizada. No caso do pas de chat, por exemplo. O passo exige uma grande elevação, um deslocamento e uma amplitude de movimento da virilha bastante vigorosos. Devem se executados dois passés perfeitos no ar, em pleno en dehors, com a coluna bem ereta e com uma bela sincronização de braços. A partida e a queda devem ser em 5ª posição. Esse salto exige uma capacidade de saltar alto, pois há movimento coordenado das duas pernas enquanto a bailarina está no ar. É possível obter uma imitação bem limitada desse salto com os iniciantes, mas essa imitação depois se estabelece como a forma final desse passo no corpo do aluno, e é mais complicado mudar mais tarde um conceito já assimilado pelo corpo. Preciso reforçar essa argumentação com as professoras que estão fazendo o curso, pois é necessário que elas compreendam que os passos devem ser respeitados com suas plenas características, para que nossos alunos não fiquem fazendo sempre, como dizem algumas pessoas que conheci, "ballet de escola em cima de padaria*" ou "balezinho de festival".

Após estudarmos todo o 1º ano, falamos sobre estruturas de aula. Entreguei para os alunos uma folha com duas sugestões de estruturas de aula: uma da escola cubana e outra do Prof. David Howard, que trab alha nos Estados Unidos e cuja formação foi na Escloa Inglesa. Lemos as sequências de exercícios de barra, centro e allegro e discutimos os motivos daquela determinada ordem. Também comparamos as duas aulas e os alunos fizeram perguntas sobre coisas que não sabiam bem o que era, como o adagio e pas de cheval. Estas duas estruturas de aula são para aulas avançadas e por isso têm todos os exercícios de ballet. Porém, como no nosso caso estamos estudando o 1º ano, pedi para os alunos se reunirem em grupinhos (de 3 e 2 pessoas) e escreverem uma estrutura de aula para o 2º mês do 1º ano.
Os alunos discutiram bastante nos grupos e montaram suas aulas. Depois, nos reunimos novamente para mostrar as estruturas de cada grupo. Em geral, os grupos pensaram em inícios de aula com brincadeiras ou no chão, com muitos exercícios de conscientização e de fortalecimento, geralmente com aspectos lúdicos, visto que no 1º ano as crianças são pequenas (entre 7 e 8 anos) e gostam de fantasiar (sobre borboletas, flores, bonecas, contar um segredo, etc.). Os exercícios de barra eram poucos, pois há pouca variedade de passos. As estruturas variaram entre três a cinco exercícios de barra. Após, os grupos colocaram alguns exercícios de centro, deslocamentos na diagonal, jogos envolvendo dança e momentos de improvisação. Continuei salientando a importância dos exercícios complementares, que fortalecem e alongam, preparando o corpo. Também elogiei a inclusão de trabalhos de expressão ou improvisação, pois a prática da "composição", mesmo em forma bem incipiente, é importante para a formação em dança.
Concluí a aula pedindo que, para a semana seguinte, eles preparem a tarefa proposta na folha de planejamento entregue na 1ª aula (um exercício que trabalhe a articulação coxo-femoral). Na próxima aula, vamos verificar as propostas de exercícios trazidas pelos alunos e avaliar a sua adequação e a sua eficácia. Acho que é importante que eles domonstrem como pretendem encaixar o exercício na contagem ou na música, se for o caso.
Pretendo ainda preparar pelo menos uma lista básica falando sobre as competências do professor, para que possamos discutir um pouco o ofício de professor. Como já seria de esperar, não vou conseguir cobrir amplamente todos os assuntos que foram planejados para o curso, mas pretendo pedir para os alunos fazerem uma avaliação de aproveitamento e de valor do curso para sua formação.


* Esse termo foi utilizado por uma professora de Saõ Paulo. Ela disse que lá são comuns as escolas pequenas localizadas em pequenos prédios, onde a sala de ballet fica em cima de uma padaria, e a qualidade do trabalho é lamentável. É só um preconceito, mas é um termo engraçado que serve para dar uma imagem de ballet mal trabalhado.

Monday, May 29, 2006


A segunda aula do curso de Qualificação para Professores

Devido a compromissos dos alunos, tivemos que adiar esta aula por duas semanas... A segunda aula ocorreu no dia 26 de maio de 2006, iniciando às 18h; mais cedo do que o horário anteriormente estabelecido. Isso foi bom, todos os alunos acharam melhor fazer a aula mais cedo; o único inconveniente é que nesse horário a sala de aula do Domus está ocupada, e temos que fazer a aula nos sofás da recepção. Como o horário agradou, vamos mantê-lo até o final do curso, necessitando mais atenção por parte dos alunos, pois é possível que aconteçam coisas no ambiente que podem desviar a atenção.
Desta vez, havia 11 alunos: os dez já inscritos e uma aluna que ficou sabendo depois e se interessou em participar do curso. Ela é um pouco mais jovem (deve ter 13 anos?), mas acompnhou muito interessada e fazendo perguntas. Fiquei contente por conquistar uma nova aluna.Comecei entregando um polígrafo de imagens que selecionei dos meus livros, com figuras importantes para eles entenderem certas poses e a terminologia. São imagens da postura correta, da nomenclatura adotada para os braços e para os arabesques por diferentes escolas de ballet e tanbém as direções do corpo no espaço (croisés, effacés, ecartés, etc.). Conforme as imagens disponíveis nos livros, selecionei as figuras que pareceram mais claras, e incluí a escola russa, a escola francesa e a escola italiana. Só lá, falando com os alunos, é que me dei conta de que ficou de fora um exemplo importantíssimo em se tratando de escola de ballet clássico: não incluí nada da escola inglesa!! Considerei isso uma lástima, foi realmente um lapso quando eu estava selecionando as imagens. Ocorre que nenhum dos meus livros trata da escola inglesa, e por isso não me lembrei dela... porque eu poderia ter obtido imagens na Internet.
Enfim, consegui com esse polígrafo dar uma idéia mais clara do que são as diferenças entre as escolas. Falei um pouco sobre a cultura e o tipo físico dos diferentes povos, e como isso influenciou a maneira deles dançarem o mesmo ballet. A reação dos alunos foi boa; acredito que as imagens acrescentaram novos conhecimentos para todos. Mais para alguns do que para outros, mas com certeza esse tipo de apanhado de diferentes escolas não é algo muito corriqueiro. Espero que eles conservem as folhas e busquem referências nelas ao longo do tempo.
Depois, passamos a estudar a grade curricular para o primeiro ano, baseado na escola cubana mas bastante diluído, devido ao fato de que nossos alunos geralmente fazem aula apenas duas vezes por semana, muitas vezes de menos de 1h30min, e muitas vezes tendo que dividir o tempo com ensaios de coreografia. As professoras que trabalham com pequenos falaram muito de suas angústias quanto às dificuldades de obter disciplina e um trabalho concentrado com seus alunos. Uma das queixas mais sérias tem a ver com a estrutura da escola: as crianças fazem aula em uma sala onde há apenas barras para adultos (e mesmo assim, altas para os próprios adultos). Fica praticamente impossível trabalhar o grand plié, porque as crianças não conseguem descer muito sem perder o apoio da barra.
Entre as coisas que enfatizei bastante, considero bem importante a inclusão dos exercícios extras, tanto de chão como mesclados com os exercícios de ballet, para fortalecer e ajudar no desenvolvimento do corpo. Reparei que, para algumas pessoas, a divisão dos ronds de jambes par terre em metades foi uma novidade, bem como a classificação de duas etapas para os echappés. Além disso, percebi que as professoras costumavam trabalhar o échappé escorregado pelo chão ao invés de saltado, o que não faz muito sentido, pois esse é um exercício exclusivo do trabalho de pontas. Falamos sobre os recursos lúdicos que se incluem nas aulas para crianças, como fazer de conta que estão tirando fotos para manter as poses, e a possibilidade de levar bonecas ou ursinhos de brinquedo para utilizar como material de apoio para exercícios ou apenas para conquistar o interesse das crianças na aula de ballet.
Conseguimos ler apenas até o terceiro mês. Na próxima aula concluiremos o estudo do primeiro ano... Como eu já esperava, o meu planejamento inicial de conteúdos já está atrasado. Enfim, vamos até o ponto que for possível dentro dessas quatro aulas de 1h30; o grande objetivo é mostrar que há muito a ser estudado para ser um professor de ballet...
Avalio esta aula como muito informativa para os alunos. Achei alguns deles um pouco dispersos, especialmente os que não têm conhecimentos prévios de metodologia e que não são professores. Fizeram seus comentários, mas parece que não se fixaram nos pontos que seriam importantes para si, ou seja, ligar a terminologia à execução dos passos. Achei ruim ficarmos todo o tempo ligados às folhas (de figuras e depois de currículo). Devido ao local, não fica tão natural pedir para um aluno ficar demonstrando todas as poses e movimentos. E também, foi sugestão dos alunos que lêssemos toda a grade curricular. Eu teria preferido ficar apenas com as dúvidas decorrentes da leitura prévia dos alunos, mas isso também possibilitaria deixar passar alguma coisa importante que eles não tivessem se dado conta.
Como professora, muitas vezes eu idealizo minhas turmas, como se todos fossem ler, pesquisar e refletir sobre os assuntos estudados, e trazer contribuições e questões de aprofundamento... Alto lá; quem sabe um dia eu trabalhe em uma universidade e possa então cobrar esse tipo de postura de meus estudantes...

Sunday, May 07, 2006

A primeira aula do curso de Qualificação para professores/2006, no Domus Estúdio de Dança (Novo Hamburgo)

Este curso foi criado porque percebi que o quadro docente do Estúdio havia se renovado, além de existir um grupo de alunos de Ballet que nunca havia estudado conteúdos teóricos fundamentais para a prática de dança, e que estavam um um nível de maturidade apropriado para adquirir esses conhecimentos. Havia pessoas solicitando um curso de preparação para professores. Esse tipo de curso já havia acontecido em anos anteriores, e fiquei interessada em oferecê-lo novamente. Assim, elaborei o projeto de um curso compacto (quatro aulas de 1h30) com fundamentos básicos, abrangendo o primeiro ano de estudo de Ballet. Apresentei a proposta à direção e oferecemos aos possíveis interessados; houve aceitação, e demos início às aulas.
Por suas características, este é um curso de formação continuada. Ele é complementar às experiências nateriores dos alunos, e é adequado a pessoas em diferentes estágios de formação.

Data: 5 de maio de 2006, sexta-feira, das 19h30 às 21h15, aproximadamente.
Estavam presentes 9 alunos; há mais um interessado, que não compareceu a esta aula por questões de saúde.
Comecei perguntando o que eles buscavam em um curso desses. Gostei das respostas: a maioria falou em conhecimentos. Ampliar os conhecimentos, conhecer mais sobre o Ballet, conhecer os nomes (a terminologia), conhecer melhor como se faz, para melhorar o seu próprio desempenho e para saber ensinar. Algumas pessoas, já professores ou a ponto de iniciar como professores, estão mais interessados em saber como se ensina. Querem conhecimentos didáticos e querem também entender melhor a questão das diferentes Escolas de Ballet com suas diferenças de nomenclatura, execução e estilos. Os alunos comentaram sobre a dificuldade de encontrar informações em livros; encontra-se pouca literatura e muito dela está em línguas estrangeiras. Na verdade há uma produção considerável de livros sobre dança; realmente, a maior parte é em inglês, mas o maior problema não é isso e sim o fato de que as nossas livrarias não costumam oferecer livros sobre o assunto.
Uma das professoras falou sobre seu trabalho com dança em uma escola regular, onde ela tem dificuldade em fazer as crianças aceitarem a prática de Ballet. Ela trabalha com outros tipos de dança, mas considera o Ballet importante e encontra resistência por parte dos alunos. Indiquei a ela um livro (que eu havia adquirido no dia anterior): Entre a arte e a docência: a formação do artista da dança, de Márcia Strazzacappa e Carla Morandi.
Após os alunos exporem suas intenções com o curso, avaliei o grupo como muito promissor, pois é composto por pessoas em diferentes estágios de formação e experiência em dança. Há alunos jovens, que praticam Ballet há alguns anos, mas nunca estudaram nada teórico sobre dança. Há professores já com experiência de trabalho, e inclusive uma pessoa formada em pedagogia da dança. Há pessoas que praticaram Ballet no passado, e que têm em vista uma oportunidade de começar a dar aulas; há pesoas que recém estão começando na dança e no Ballet e também há pessoas que já fizeram outros cursos de formação continuada e que estão reforçando seus conhecimentos. Este grupo misto é rico em diferenças, e a tendência é que essas diferenças contribuam para a diversidade de enfoques e questionamentos ao longo das aulas. Aproveitando o assunto da variedade de temas a serem abordados, entreguei um planejamento de conteúdos que eu elaborei e que penso em desenvolver, agrupados por áreas temáticas. Esclareci que aquilo não era um roteiro fixo como um cronograma, e que os assuntos poderiam ter sua ordem alterada. Vou copiar essa lista no final deste relatório.
Pedi que os alunos se reunissem em grupos de três e discutissem sobre os princípios do Ballet, elaborando uma lista de pelo menos cinco princípios gerais. Precisei esclarecer bastante, especialmente para os alunos mais jovens entenderem o que seriam esses princípios gerais como características específicas do Ballet enquanto Arte, pois a primeira tendência deles foi falar sobre os requisitos do praticante de Ballet.
Depois das discussões em grupos, cada grupo expôs suas idéias, e em vários casos eu os ajudei a encontrar o princípio geral que estava por trás de algumas das idéias expostas. Por exemplo, os alunos falaram em técnica. Ora, técnica não é um princípio do Ballet, porque tudo tem técnica, mas descobrimos que com isso os alunos estavam se referindo às codificações, à existência de passos, linhas e desenhos determinados, o que levou à determinação dos princípios gerais de Precisão, Clareza e Controle. Ao final, reunindo uma lista prévia que eu havia elaborado e o que os grupos disseram, chegamos à seguinte relação de princípios:

* Precisão
* Clareza de movimentos, linhas e posições
* Controle
* Verticalidade
* Elevação
* Negação da gravidade
* En dehors
* Nobreza
* Elegância
* Não demonstração de esforço
* Virtuosidade
* Treinamento adquirido
* Expressividade
* Frontalidade
* Sincronia com o discurso musical

Como não encontrei em livros nenhuma lista desse tipo, considero esta válida e aberta a acréscimos e à análise de falhas na categorização dos termos. Pode haver termos incorretamente aplicados aí; espero que algúem tenha a capacidade de contestar e ajude-nos a aperfeiçoar a lista.
Depois, fizemos uma revisão geral da postura básica para a prática do Ballet. Uma aluna serviu de modelo, e percorremos as partes do corpo desde os pés até a cabeça, comentanto dobre a posição correta do alinhamento ósseo, os requisitos de controle muscular, as diferenças anatômicas que facilitam ou dificultam a prática do Ballet, algumas formas de correção para alunos com dificuldades ou deficiências musculares ou estruturais (por exemplo, diferenças no comprimento do metatarso, diferentes formas da articulação dos joelhos e dificuldades com a respiração e o posicionamento da caixatorácica e cintura escapular). Falamos sobre as partes da coluna, as curvaturas e a necessidade de manutenção dessas curvaturas para dançar. Falamos também sobre o posicionamento dos braços e das mãos, e um pouco sobre as diferenças de estilos, onde a amplitude e a altura dos braços pode variar. Uma aluna comentou sobre a dificuldade de fazer suas alunas pequenas absorverem os hábitos de postura: quando uma coisa é arrumada, a outra parte desetrutura, como por exemplo, o peito e as escápulas, o quadril e o tórax, etc. Ela queria saber o que priorizar, porque percebia que as crianças não conseguiriam controlar tudo. meu conselho é a "barriga" (abdômen), sempre, como ponto de partida. Não podemos admitir a prática de Ballet com "barriga solta"; além de arrasar com os princípios estéticos (controle, negação da gravidade, elevação, elegância...), é prejudicial principalmente para a coluna do aluno. Reforcei a necessidade de se trabalhar exercícios extras de fortalecimento, e de buscar mesmo uma complementação de condicionamento físico, pois as aulas de Ballet sozinhas não são suficientes para o desenvolvimento específico de força e conscientização corporal requeridos. O aluno pode passar muito mais tempo fazendo movimentos incorretos por falta doe um desenvolvimento muscular que pode ser treinado com exercícios extra-ballet. Insisti também na necessidade do professor de Ballet ter conhecimentos pelo menos básicos de anatomia, como as grandes estruturas ósseas, articulares e musculares e seu funcionamento.
Para terminar a aula, entreguei aos alunos a grade curricular para o primeiro ano de Ballet, baseado na grade curricular da Escola Cubana e bastante reduzida pela impossibilidade de trabalhar todos os conteúdos no sistema de aulas duas vezes por semana, às vezes de apenas 1 hora de duração. Expliquei por quê trabalhávamos com a metodologia cubana (devido aos meus estudos e experiência), esclareci que essa grade curricular não era uma Verdade, nem a Melhor,
mas uma opção disponível e possível para servir de ponto de partida. Pedi que os alunos lessem os conteúdos e as orientações metodológicas, e anotasseem todas as suas questões para as aulas seguintes.
Encerrando, mostrei a eles vários livros sobre ballet, alguns em português e alguns em inglês, alguns apenas de texto, outros com ilustrações e/ou fotos. Eram dicionários, manuais de técnica, livros de história, livros direcionados especificamente para iniciantes ou para o trabalho de pontas, figurinos, repertório, etc. Os alunos adoraram conhecer tantos livros, anotaram alguns, observaram ficaram com vontade de adquirir alguma coisa.
Minha avaliação sobre a aula é bastante positiva. Abordamos vários assuntos. Todos os alunos participaram ativamente das reflexões e discussões. a contribuição de todos foi valorizada e respeitada. Para alguns, foram muitas novidades. Para outros, foi uma grande revisão. Os alunos foram estimulados a aprofundar seus conhecimentos em várias áreas. O Ballet não foi abordado apenas do ponto de vista técnico ou científico, mas também histórico e artístico.
Como na sexta-feira seguinte duas pessoas não poderiam comparecer, decidimos pular uma semana e manter o mesmo horário.

Material que foi entregue aos alunos com o planejamento geral do curso por temas:

A) Os princípios gerais do Ballet e a postura adequada para a prática. Escolas e estilos; a escola cubana de Ballet. Orientações metodológicas gerais e orientações específicas para o 1º ano. Tarefa: ler a grade curricular para o 1º ano e anotar questões.

B) Nomenclatura geral: posições de braços e pernas, direções do corpo, arabesques. O 1º ano: objetivos, conteúdos, grade curricular. Tarefa: elaborar uma estrutura de aula para a metade do 2º mês.

C) As responsabilidades do professor e suas atividades. Tipos de aulas (introdução, consolidação, avaliação). A montagem dos exercícios e as escolhas musicais. Estruturas de aula. Exercícios adicionais. Tarefa: elaborar um exercício para o 1º ano, com o objetivo de mobilizar a articulação coxo-femoral e fortalecer a musculatura responsável pelo en dehor.

D) A identidade do professor: saberes disciplinares e competências profissionais. A avaliação da atuação do professor de dança. Fechamento da oficina: avaliação dos participantes e do curso.

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O meu melhor papel nesta vida é o da aprendiz. Por isso o nome deste blog é apprenticeship, e provavelmente por isso gosto e quero fazer cada vez melhor o papel de professora. ..