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This blog is a compilation of thoughts on things I've been learning.

Saturday, June 10, 2006

A quarta (e última) aula do curso de qualificação para professores



No dia 9 de junho de 2006 realizamos nossa quarta aula. Desta vez, contamos com um problema infra-estrutural extra. Para quem não sabe, o Domus está localizado dentro da Sociedade Ginástica de Novo Hamburgo. As aulas ocorrem no segundo andar da sede social. O salão de festas do clube fica nesse andar.
Ontem, sexta-feira, dia do nosso curso, havia um evento em preparação para a noite. Haveria o show de uma banda de rock. Pois a banda estava lá, fazendo a sua passagem de som... e obviamente ficou insuportável o barulho. Procuramos um local alternativo para realizar o curso, e acabamos optando pelas mesas externas da lancheria. Foi possível fazer a aula, mas em alguns momentos realmente tivemos que gritar para nos ouvirmos; além da dispersão maior dos alunos (os adolescentes menores) por causa do ambiente e das condições.
De início, cada pessoa apresentou as suas propostas de exercícios como havia sido pedido. Apenas duas pessoas montaram exercícios totalmente estruturados com contagens para serem realizados na barra. Os demais trouxeram sugestões de exercícios diversos, alguns na barra e muitos no chão. Como exercícios específicos para desenvolver a mobilidade da articulação coxo-femoral, foram trazidas as seguintes sugestões:

Na barra, ou em pé:
  • Tendus com rotação paralelo/en dehors, com pés flexionados e com pés esticados
  • Passé com movimentação paralelo/en dehors
  • Passé com movimentação do joelho em forma de "oito" pela frente do quadril, terminando em passé en dehors
  • Sequências de passé e pointés em tendu à frente, ao lado e atrás
  • Demi-pliés e grands pliés
  • Grand plié em segunda posição, com os joelhos encostados de frente contra uma parede. Um colega empurra o quadril do executante contra a parede, forçando a abertura de virilha ao mesmo tempo que força a flexão articular
  • Dégagé e trabalho de flexão do joelho e do pé
  • Talonnés em segunda posição forçando o calcanhar para a frente (tendus doubles)

No chão:

  • Deitado de costas com os ísquios encostados contra uma parede e pernas abertas em segunda, movimentar as pernas en dedans e en dehors
  • Sentados em borboleta, forçar os joelhos para baixo (o próprio executante ou um colega)
  • Deitado de costas com as pernas no ar em 2ª posição, fazer movimentos em forma de oito (para dentro e para fora) com os dois joelhos semiflexionados
  • Sentados em quarta posição, com os ângulos do quadril e dos joelhos exatamente em 90º, trabalhar a movimentação do quadril apoiando os dois ísquios no chão alternado com a elevação do quadril do lado da perna que está para trás
  • Sentados ou deitados com as pernas estendidas e unidas, rotação en dehors/paralelo, com os pés flexionados e com os pés estendidos. Pede-se que os alunos tentem encostar o dedo minguinho no chão no en dehors
  • Variação do movimento anterior, sentados: com auxílio das mãos, erguer um pouco o quadril do chão, mantendo as pernas esticadas, para perceber com mais facilidade o minguinho encostando no chão
  • Sentados ou deitados com pernas estendidas, movimentos de passé paralelo, abrir joelho en dehors, descer a perna e voltar ao paralelo no final (e também no sentido oposto)
  • Sentados, fazer développés em segunda posição com o pé na mão
  • Sentados ou deitados com as pernas em primeira posição, fazer movimento de demi-plié, flexionando os pés
  • Sentados ou deitados com as pernas estendidas, elevar a perna à frente e fazer rotações paralelo/en dehors

Acredito que esses foram os movimentos sugeridos (se alguém que participou ler este relatório e lembrar de outro exercício, por favor comente).

A seguir passei para o último assunto do curso, relacionado às competências profissionais e aos saberes docentes. Para esse conteúdo, preparei duas folhas com os conceitos que tem sido estudados em formação de professores e com as competências do professor de dança segundo a página DANZADANCE da Internet (México).

O motivo pelo qual incluí esse assunto no curso está relacionado às minhas experiências de formação na UFRGS e no grupo de pesquisa de formação de professores em música. Somando as experiências das disciplinas de metodologia, o estágio, o TCC, a bolsa de pesquisa, percebi como se tem dado importância e como é necessário fomentar ainda mais a conscientização do professor como um profissional que tem uma série de obrigações e de competências e que deve ser respeitado dessa forma. Os professores de dança também devem ter conhecimento dessas questões e preparar-se para exercer com dignidade a sua profissão. Iniciamos o assunto fazendo uma discussão sobre a condição do professor de dança (em escolas regulares e em academias e cursos livres).

Os participantes que não são professores ainda comentaram sobre a postura de diversos professores (de dança e de outras áreas), contando fatos que demonstram o maoir ou menor respeito e dedicação dos próprios professores ao seu trabalho. Os participantes que já atuam como professores falaram de suas dificuldades quanto aos tamanhos das turmas, às condições estruturais das escolas, aos diferentes interesses e desigualdade de condições físicas dos alunos. Falaram sobre a presença da dança nas escolas regulares, do mau uso que a dança tem, muitas vezes por falta de preparo dos professores que se encarregam dela, e da má imagem geral que isso causa com relação à dança em si e aos professores de dança. Discutimos também a presença da dança nas universidades e das cadeiras de dança que acontecem em outros cursos, como artes visuais e educação física.

Nas folhas que preparei para o curso, incluí apenas os conceitos gerais de competências e de saberes, e uma lista geral dos saberes docentes segundo GAUTHIER. Achei que mais do que isso seria um aprofundamento desnecessário no nosso caso, pois estou apenas introduzindo um assunto que deve ser tratado nas licenciaturas universitárias. Percebi, no entanto, que o assunto foi mais bem recebido do que eu esperava: os participantes se envolveram no assunto e consideraram séria essa discussão do "ser" ou "tornar-se professor". Achei muito positiva a receptividade desse grupo, o que demonstra que são jovens sérios que desejam encontrar um caminho real para atuarem como profissionais no ensino de dança. Novamente eles expuseram sua inquietação com a escassez de fontes, livros, cursos falando sobre a formação do professor de dança e todos os seus conteúdos complementares.

O outro conteúdo que incluí nas folhas é uma lista de competências metodológicas e pedagógicas do professor de dança. Essa lista estava em um grande formulário colocado pelo site DANZADANCE como amostra para a avaliação de um professor de dança (possivelmente para uso de um supervisor ou administrador de escola de dança). Achei esse material muito interessante, não por ser uma verdade absoluta, mas por ser, pelo menos de meu conhecimento até hoje, a única lista elaborada com competências específicas para um professor de dança. A partir dessa lista, pode-se discutir a pertinência das competências listadas, a necessidade da inclusão de outras, etc, mas pelo menos é um ponto de partida. A lista original estava em inglês; eu a traduzi, e a tradução está anexada ao final deste relatório.

"Competência" é um termo que possibilita duas interpretações distintas. Uma diz respeito ao "ser competente" para realizar alguma coisa, ou seja, ter os conhecimentos e habilidades necessárias para levar a bom termo a realização de uma atividade. A outra interpretação tem a ver com a alçada de uma pessoa oude um profissional, àquilo que se espera dele naquela posição. Por exemplo, compete aos professores dar suas aulas e obter tais resualtados, assim como compete ao policial zelar pela segurança dos cidadâos, etc. No conceito de competência profissional de PERRENOUD (que foi o que eu trouxe para o curso), o termo está relacionado às capacidades do professor, ou seja, àquilo que ele sabe e consegue fazer em seu trabalho.

No caso da lista de competências do professor de dança, os dois significados estão juntos. afinal, essa lista foi elaborada para que um supervisor, assistindo à aula de um professor, possa se guiar pelos itens citados como critérios e atribuir um número para quantificar o grau em que aquele professor corresponde a determinado quesito, ou seja, a quantidade de competência com que esse professor executa uma ação que lhe compete.

Terminando a leitura e a discussão dos itens contidos nas folhas, Pedi aos participantes uma avaliação do aproveitamento do curso. Todos acharam positivo; a maioria, na verdade, não lembrava que esta era a última aula e ficou com muita vontade de continuar e estudar muito mais. Eles comentaram a importância da nomenclatura, das figuras com os gráficos das direções no chão, dos exercícios comentados e da troca de idéias e sugestões de atividades entre os diversos professores. Foi citada também a importância destes estudos para a sua atuação como bailarinos, refletindo e incluindo mais conhecimentos na hora da prática. Os alunos mais jovens acharam mais importante a terminologia, a grafia dos termos e as ilustrações, e também as bases para começar a aprender a pensar como professor para uma possível carreira no futuro.

As minhas considerações finais também são muito positivas. Sei que não aprofundei tanto cada assunto proposto, mas até pela experiência que tenho dos cursos anteriores, acho que nesses cursos (que são de formação continuada) os alunos ganham mais se tiverem mais noções de um todo do que muita especificidade sobre um detalhe. Por exemplo, se ficássemos descrevendo em detalhe as características específicas de cada item da grade curricular do 1º ano, só teríamos visto isso neses quatro encontros, e os alunos não poderiam relacionar a grade curricular aos exercícios extras, à postura, ao trabalho de planejamento e objetivos do professor, etc. Assim, estou aprendendo (e é um aprendizado para mim, que sempre gostei de me prender aos detalhes, de ir às minúcias) a globalizar; a fazer escolhas de prioridades e a ver do ponto de vista do aproveitamento prático dos alunos. Um professor aprende a ser professor sendo professor; eu aprendo a planejar e implanter cursos de formação continuada de professores de dança à medida que os realizo, e a experiência vai se acumulando... Estou saindo deste curso, portanto, bastante satisfeita com o que consegui selecionar e discutir com estes alunos, e bem otimista quanto a haver despertado o interesse deles em continuar pesquisando e estudando.

Competências do professor de dança (segundo o site DANZADANCE.ORG: Dance teacher assessment. Disponível em: <http://www.geocities.com/Vienna/1854/danceassessment.html>)

I. Aspecto Metodológico: o professor...

Segue o currículo/programa/grade curricular
Segue uma seqüência lógica
Tem objetivos claramente definidos para cada aula ou atividade
Demonstra capacidade de perceber e corrigir erros metodológicos
Demonstra congruência entre os objetivos da aula e a estrutura da aula
Os exercícios e combinações são montados de acordo com os objetivos da aula
Domina o conteúdo a ser aprendido: metodologia, contagem, ritmo, acentos, fluidez
Aplica corretamente as práticas de ensino estabelecidas para cada conteúdo
Modifica a aula criativamente de acordo com as políticas da escola
Utiliza o ritmo e a música correta e criativamente

II. Aspecto pedagógico: o professor...

Demonstra capacidade de corrigir erros dos alunos e obter resultados
Motiva os alunos e corrige-os de maneira apropriada
Mantém um ambiente positive na aula e evita interrupções e espaços de tempo ociosos
Demonstra os exercícios somente quando necessário, tem a capacidade de demonstrar em um aluno e de evitar imitações incorretas dos passos, poses e movimentos
Domina a terminologia; consegue usar a terminologia para descrever os exercícios e os alunos conseguem executar combinações e exercícios apenas ouvindo o emprego da terminologia pelo professor
Faz uso apropriado da música para cada exercício ou interage e controla o pianista acompanhador; não perde tempo selecionando música apropriada para os exercícios
Utiliza voz clara e audível durante a aula e está ciente de que todos os alunos podem vê-lo e entendê-lo
Mantém uma atitude positiva com relação aos alunos
Utiliza o espelho e outros materiais didáticos apropriada e criativamente; muda a frente periodicamente enquanto ensina
Mantém a disciplina durante a aula

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O meu melhor papel nesta vida é o da aprendiz. Por isso o nome deste blog é apprenticeship, e provavelmente por isso gosto e quero fazer cada vez melhor o papel de professora. ..